A cada primavera ele conhece mais flores
Sente outros perfumes, prova novos sabores
Enquanto os invernos trocam de turno
Ele imagina como é morar em Netuno
Passam as estações, vagarosamente e discretas
Exatamente como se eleva a altura de suas metas
*
Enquanto ele cresce, vejo muito de perto
Avançar no horizonte de seus sonhos tão ternos
Seu suspiro quando crê não haver limite
Para nada pelo quê o seu coração almeje
Suavemente atravessa os mares, os desertos
Para ele tudo é possível mesmo de olhos abertos
*
Lamento não podermos oferecer um mundo que lhe caiba
Onde as pessoas sejam todas boas e de todo confiáveis
Me perdoe não deixá-lo ser totalmente livre, além de nossos portões
Mas, infelizmente, seu futuro reserva uma série de frustrações
*
Enquanto eu puder vou reservá-lo para mim
Aqui no nosso mundinho encantado
Mas temendo que um coração tão puro assim
Seja impiedosamente desprezado
*
Enquanto ele cresce, reforço as fortalezas de sua frágil alma
Pavimento com amores e valores essa imprevisível estrada
Por onde ele deve andar desacompanhado, mas nunca sozinho
Uma pena, mas tem de ser esse mesmo o nosso caminho
*
A gente sofre às vezes, cai e levanta
Mas para os grandes, não importa a afronta
Tudo sempre aponta para o alto
E assim, faz-se o extraordinário
*
Que em seu coração haja sempre muito para dar
E, ainda que este mundo não esteja sempre a melhorar
Que sua alma não seja demasiadamente acanhada
Mas faça a diferença nessa humilde caminhada
Jeanne Moura
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