“O que é cerveja?”, meu filho de quatro anos, Noah, perguntou. “Uma bebida meio marrom com uma espuma branca em cima e que faz mal à saúde”, explicaram. Noah concluiu: “Meus primos bebem muito isso. Eles vão ficar doentes”, ele fez referência aos seus primos de 14 e 12 anos que andaram bebendo guaraná às vistas do inocente.
O tempo vai avançando e percebo que fica cada vez mais difícil o “faça o que eu disse, mas não faça o que eu faço” quando o tema é alimentação. Não dá mais pra comer chocolate escondido, e nem pedir refrigerante nos restaurantes, muito menos ter uma garrafa em casa – esses dias ele despejou todo um guaraná na pia. Somos regrados aqui. Mas de vez em quando a gente se permite uma escapada, mas o Noah anda alerta. Diz que é cuidado, mas o que parece mesmo é: Se você pode eu também posso!
Quando a gente planeja os filhos, planeja a melhor dieta possível, melhor que a nossa e pelos motivos mais nobres. “Para ele vai ser mais fácil se não provar certas coisas muito cedo na vida”, propomos. Mas a real é que se eu, mãe ou pai, não adoto a dieta que quero que meus filhos sigam, o projeto já nasce morto.
A educação é coerente. A perspicácia de um menino de quatro anos só prova que estamos lidando com um ser inteligente. Odeio que o Noah chupe bala ou pirulito, porque eu odeio bala e pirulito, assim proíbo mesmo. Mas quando a gente vai no meu restaurante preferido eu não consigo resistir ao meu petit gateau, sou, assim, obrigada a abrir a exceção para a família inteira. Na sequencia, se digo pro Noah parar, ele me devolve o conselho.
Quando ele era menor, mal sabia o que se passava ao seu redor, mas sua leitura inteligente hoje, me força a reavaliar minha conduta. Em prol de sua saúde me vejo obrigada a cuidar da minha.