Iniciativa infantil

Iniciativa infantil

No auge de seus quatros anos, meu filho Noah, apresentou uma mudança de comportamento. Assim que começou a acontecer não dei conta de identificar o que seria, me senti meio perdida, virou a fase e eu não sabia como lidar e conduzir. Percebi, mais pra frente, que nada mais é do que: iniciativa. Uma moeda de duas faces. Parece ser uma característica tão incrível, tem realmente seu lado bom, mas também tem sem lado bastante desafiador.

Amanheceu, fizemos nossas leituras, oração e musiquinha como de costume. Antes do lanche ele quis trocar de roupa, não encontrando uma peça no armário foi no varal – desses de chão. Quando vi, ele trouxe o balde para mim, com todas as roupas recolhidas e dobradinhas. Ontem à tarde ele escalou o armário, pegou dois pratos, serviu delicadamente para nós dois: araçá, banana e biscoitos. Pôs sobre a mesa e me chamou para o lanche. Noah arrasando meu coração de amor! Quantas pequenas surpresas valiosas.

Num dia cheio de tarefas, daqueles cronometrados, deixei ele brincar no quintal com nosso cachorro, João. Quando olho, ele molhou todo o cachorro, molhou a área de entrada da porta – com a terra que tinha antes virou uma lama só – e eu fui obrigada a parar tudo e lavar cachorro e varanda. Nossas idas à igreja trazem agora mais energia, Noah decide que pode ter acesso a outras pessoas e lugares em qualquer momento do culto, segurar esse impulso é uma tarefa quase impossível.

Pra fechar a contação com chave de ouro, cito sobre o início dessa noite de sábado. Estava acompanhando, de fora, meu filho tomando banho. Meu telefone tocou, dei mais algumas coordenadas e saí para dar atenção ao meu marido, que aguardava na linha. Saí por alguns minutos, quando volto vejo o piso de madeira da nossa suíte encharcado. Nosso quarto totalmente inundado. Noah havia fechado o ralo, e toda a água que descia do chuveiro inundou o banheiro e, na sequencia, meu quarto – com piso de madeira! Corro, assustada, no banheiro, desligo o chuveiro e ouço duas coisas. A primeira: me desculpa mamãe.

Eu estava vermelha de raiva, que trabalheira eu teria agora. Estava encerrando o dia, quase curtindo aquele momento de solidão programada, e agora precisava dar um jeito de secar todo o banheiro, e meu quarto – com piso de madeira! Mas o que foi mesmo a primeira coisa que ele disse? “Me desculpa mamãe.” Poxa, por que ele disse isso? Como eu brigaria com ele, colocaria de castigo, gritaria, o que eu faria, afinal, com toda aquela raiva em ebulição dentro de mim?

Cuidei dele primeiro. Sequei, vesti o pijama, o sentei na minha cama e expliquei, que não foi só fechar o ralo o problema, mas as consequências daquilo ele nem seria capaz de resolver sozinho. Por isso, ele ficou sentadinho, olhando eu tentar dar vazão a toda aquela água e secar o banheiro, e meu quarto – com piso de madeira!

No fim o abracei e disse que ele tinha feito muito certo ao pedir desculpa. E ele concluiu: a melhor coisa a fazer quando a gente erra é pedir desculpas. Pedi pra ele repetir e filmei, achei demais! Eu nunca vi algo apaziguar a ira com tanta rapidez. Então, gente. Vocês vão me desculpando aí qualquer coisa, viu?

A segunda coisa que ele falou?

“É que, mamãe. Eu queria tanto uma piscina. Queria tanto ter uma piscina aqui em casa, faz tanto tempo que a gente não vai na piscina.”

Posso dizer que, pelo menos por alguns minutos, tive uma suíte com jacuzzi. Uma jacuzzi assim, entre meu banheiro e meu quarto – com piso de madeira!

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